Fotografia | Photography

Fotografar por entre os dias e a cidade e ter nas mãos a intenção, é uma alucinante
aventura de viajem de descobrimento. É perder-me verdadeiramente pelo novo, colecionar histórias até que espírito espante.
Os dias são feitos de modos diferentes. Uns são mais confiantes, outros escondem alegrias, ora cobrem um mundo sem cor, ou consomem sorrisos espontâneos.
Escuto os lugares e espero que eles me escolham para os fotografar.
No ato, a emoção transborda do olho curioso e os pensamentos tornam-se poderosos.
Mas o que me faz andar, sondar, caminhar, de olhos cheios de brilho pela cidade, cheia de reação por outra realidade da lente objetiva, que me compensa no entusiasmo, para que o dia vindoiro reinicie um novo ciclo.

De dentro para fora em tempo de pandemia, o isolamento liderou o meu
confinamento sem grades. Criou uma relação distinta, entre os espaços triviais e o
relacionamento imposto. Evocava sentimentalismos inesperados, penetrava a
intimidade num olhar para fora e da privacidade num olhar de dentro. Olhar o futuro
através do vidro, introduziu a dimensão pessoal na resistência coletiva, de ecos inaudíveis, numa atualidade do tempo. A falta de liberdade e o silenciamento,condicionou a intenção do olhar, num estar dentro e o refúgio lá fora.

Somos reflexos da passagem dos dias e da vivência em cada em deles.
Pelo nosso olhar da câmara, damos de nós e aprendemos com outros.
Somos reflexos pela necessidade de comunicar, a necessidade de divulgar as nossas ideias. A fotografia em mim é um meio de difundir essa necessidade e surge para criar uma linguagem adstrita aos meus olhares de ver esse mundo, por um adicional meio e por distinta perspetiva.
Esta série insere-se num projeto cujo tema “Reflexos” propõe uma maneira de pensar o mundo, uma forma de observar a realidade, pensando acontecimentos
além da sua aparência imediata. Abre a porta das possibilidades, numa forma específica de abordagem do real. Faz descobrir distintos mundos e diversos modos de compreender a vida... Ousei-me!